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 Contos Gauchescos - Simões Lopes Neto

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Gleice

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MensagemAssunto: Contos Gauchescos - Simões Lopes Neto   Contos Gauchescos - Simões Lopes Neto EmptySáb Nov 01, 2008 5:03 am

O livro é composto por dezenove contos e neles percebemos as qualidades do narrador e paralelamente, os seus limites. Dois traços tornam-se nítidos:
- A fixação do mundo gauchesco;
- A oralidade e o regionalismo da linguagem.

Para isso, muito vale a estratagema do escritor, cedendo a palavra ao vaqueano Blau Nunes.
Blau Nunes contará os seus casos, recolhidos no 'trotar sobre tantíssimos rumos'. E a sua fala - por ser teoricamente a de um gaudério, a de um peão sem trabalho fixo - se esquivará, por vezes, da exaltação dos pampas e da condição gaúcha, que no fundo, foi sempre uma auto-exaltação dos oligarcas sulinos.

Há no tom narrativo de Blau certa neutralidade, destruída aqui e ali pela saudade dos antigos tempos e por certo moralismo de origem cristã. Porém a sua nostalgia vincula-se a uma época na qual o gado ainda xucro era campeado - conforme o relato Correr eguada - e os peões tinham direito a sua tropilha nova, fato que não se repetiria numa sociedade cada vez mais dividida entre fazendeiros e trabalhadores.

Por outro lado, a significação moral das histórias exige-se sobre um sentimento de relativo desconforto no narrador com a violência imperante no território gaúcho: a destruição do boi em serventia [ O boi velho ], a carnificina guerreira [ O anjo da vitória ], etc.

Ainda que esforço documental presida a obra, o registro dos costumes nunca é gratuito. Liga-se à ação dos contos e a psicologia simples dos indivíduos. Em três ou quatro narrativas, contudo, o valor do documento é superado por uma legítima sensibilidade artística: Trezentas onças, O contrabandista e O boi velho transcendem à condição de espelho da região, atingindo a chamada universalidade das grandes produções literárias.

Se muitos contos permanecem apenas como registro de costumes ou como anedotas bem contadas [eis o limite do autor pelotense], a linguagem em todos eles é viva e cheia de dialetismos, o que, em parte, dificulta a leitura. O linguajar gauchesco é reproduzido pelo escritor. Mas a utilização que Simões Lopes Neto faz do regionalismo lingüístico não visa o pitoresco, como acontece na maioria das manifestações artísticas dita regionais. Nele, a expressão típica é uma decorrência dos conteúdos trabalhados, e, por isso mesmo, somos capazes de superar as dificuldades de seu vocabulário.

Como disse Augusto Meyer, há em sua obra 'o cuidado de reconstruir o timbre familiar das vozes'. E isso forneceria a mesma um efeito surpreendente de oralidade, encanto e frescor.

Trezentas Onças

O narrador Blau Nunes conta que, certa vez, viajando sozinho a cavalo, acompanhado apenas de seu cachorro, levava na guaiaca trezentas onças de ouro, destinadas a pagar um gado que compraria para seu patrão. Um certo ponto da viagem, pára para sestear num passo, onde, depois de uma boa soneca, vai refrescar-se com alguns mergulhos na água fresca.

Tornando a vestir-se e a encilhar o zaino, parte em direção à estância da Coronilha, onde devia pousar. Logo que sai a trotar pela estrada, o gaúcho nota que seu cachorro estava inquieto, latindo muito e voltando sobre o rastro, como se quisesse chamar seu dono para o pasto outra vez. Mas Blau Nunes segue seu caminho até chegar à estância da Coronilha. Lá chegando, ao apear do cavalo e cumprimentar o dono da casa, nota que não estava com sua guaiaca. Anuncia que perdera trezentas onças do patrão e, preocupadíssimo, monta o cavalo outra vez para voltar ao lugar onde teria deixado a guaiaca.

Depois de nova cavalgada, sempre acompanhado do fiel cãozinho, Blau Nunes chega ao passo, já de noite, e não mais encontra a guaiaca no lugar onde tinha certeza de que havia colocado quando se despira para o banho. Desespera-se tanto por imaginar que seu patrão o consideraria um desonesto, que pensa em suicidar-se. Chega a engatinhar o revólver e colocá-lo no ouvido, mas o cusco lambendo-lhe as mãos, o relincho de seu cavalo, o brilho das Três Marias, o canto de um grilo, tudo lhe invoca a presença e a força divina, que o demove daquele ato transloucado.

Assim, o gaúcho reequilibra-se e decide que venderá todos os seus bens e dará um jeito de pagar ao patrão o prejuízo da perda das trezentas onças. E volta para a pousada na estância da Coronilha. É então que tem uma feliz surpresa: sobre a mesa da sala do estanceiro, ao lado da chaleira com que se servia a água do mate, estava a sua guaiaca 'empanzinada de onças de ouro'. Uma comitiva de tropeiros, que chegava à estância no momento em que ele voltava ao passo de sesteada, havia encontrado a guaiaca e a trouxera intacta. E esta foi a saudação que ele recebeu quando entrou na sala:

'-Louvado seja Jesus Cristo, patrício! Boa noite! Entonces, que tal le foi de susto?'

Conto narrado em 1ª pessoa, com muita descrição de paisagem.

No Manantial

Narração em 3ª pessoa. Na tapera do Mariano há um manantial. Bem no meio dele, uma roseira, plantada por um defunto, e gente vivente não apanha flores por ser mau agouro.

Carreteiros que ali perto acamparam viram duas almas: uma chorava, suspirando; outra, soltava barbaridades. O lugar ficou mal-assombrado.
Com Mariano morava a filha Maria Altina, duas velhas, a avó da menina e a tia-avó, e a negra Tanásia.
Tudo em paz e harmonia.

Certa vez foram a um terço na casa do brigadeiro Machado. Maria Altina encontrou o furriel André, e os dois se apaixonaram [conchavo entre o pai e o brigadeiro]. André lhe deu uma rosa vermelha. Em casa, ela plantou o cabo da rosa e a roseira cresceu e floresceu. Surgiu o trato do casamento...o enxoval...
Chicão, filho de Chico Triste, andava enrabichado pela Maria Altina, que não se interessava por ele e tinha-lhe medo.

Na casa de Chico Triste houve um batizado. O pai e a tia-avó foram ajudar. Chicão aproveitou-se, foi à casa do Mariano, matou a avó e quis pegar à força Maria Altina.
Esta, vendo a avó morta, pegou o cavalo e saiu às disparadas, entrando no manantial. Chicão atrás. Ela some e só fica a rosa do chapéu boiando.
Mãe Tanásia, que se escondera e vira tudo, vai à procura de Mariano.

Nesse meio-tempo chegaram a casa os campeiros para comer. Viram a velha morta. Uns ficaram, e outros foram avisar Mariano e procurar Maria Altina....
Mariano apavorou-se, pensando que a filha fugira com o Chicão. Nisso chegou a mãe Tanásia e conta o sucedido. Todos vão ao manantial e encontram Chicão atolado, boiando. Mariano atira e acerta Chicão. O padre que ali está, coloca a cruz na boca da arma e pede que não atire mais. Mariano entra no lamaçal, luta com Chicão e os dois afundam e morrem.

A avó foi enterrada também na encosta do manantial. Uma cruz foi benzida e cravada no solo pelos quatro defuntos.
Mãe Tanásia e a tia-avó foram por caridade, morar na casa do brigadeiro Machado.
E como lembrança do macabro acontecimento, ficou, sobre o lodo, ali no manantial, uma roseira baguala, roseira que nasceu do talo da rosa que ficou boiando no lodaçal no dia daquele cardume de estropícios.

O Contrabandista

Narração em 1ª pessoa. Informações históricas.
O contrabandista é Jango Jorge. Mão aberta e por isso sem dinheiro. Foi chefe de contrabandistas. Conhecia muito bem lugares [pelo cheiro, pelo ouvido, pelo gosto].
Fora antes soldado do Gen. José Abreu.
Estava pelos noventa anos, afamilhado com mulher mocetona, filhos e uma filha bela, prendada, etc.
O narrador pousa na casa dele, era véspera do casamento da filha.

Tudo preparado, Jango Jorge parte para comprar o vestido e os outros complementos de contrabando. É atacado, na volta, pelo guarda que pega o contrabando, mas ele não solta o pacote contendo o vestido e, por isso, é morto. Os amigos levaram o cadáver para casa, contaram como ocorreu e a alegria da festa vira tristeza geral.

Obs.: no meio do conto é contada a história do contrabando na região, do comércio entre os lugares, os mascates...

Jogo de Osso

Narração em 1ª pessoa, bastante descritivo.
Começa, dizendo que já viu jogar mulher num jogo.
Depois descreve a vendola do Arranhão [um pouco para fora da vila, de propriedade de um meio-gringo, meio-castelhano, que tem faro para negócios: bebida, corrida, jogos, etc.].

Certo dia choveu e atrapalhou a jogatina. Cessada a chuvarada, resolvem jogar o osso. [Explica como se desenvolve a jogatina.]
Os jogadores eram Osoro [mulherengo, compositor] e Chico Ruivo [domador e agregado num rincão da Estância das Palmas; vivia com Lalica.

Chico só perde e acaba apostando Lalica. Esta com raiva de Ter sido incluída na aposta, começa a dançar com Osoro [o ganhador] provocando Chico Ruivo, que não agüentando mais, vara os dois ao mesmo tempo com um facão.
O povo à volta grita para que peguem Chico Ruivo, mas ele foge no cavalo de Osoro.
'-Pois é, jogaram, criaram confusão, mas nenhum pagou a comissão...Que trastes!...' [falou o meio-gringo do bolicho].

Fonte:http://www.netliteratura.hpg.ig.com.br/
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